Já ouvira algumas histórias de mulheres que padeceram no mercado de trabalho após serem mães. Algumas não queriam deixar seus cargos, outras não sabiam se largavam tudo para serem mães em tempo integral e outras conseguiam o equilíbrio entre os dois.Pois bem, quando me vi nessa situação, eu surtei.

Tudo começou quando a barriga iniciava seu crescimento e eu me enchia de planos. A minha ideia sempre foi tentar conciliar as duas coisas, a vida de mulher e a vida de mãe.

Apesar de já no começo da minha jornada eu ter levado um susto, a apressadinha decidiu vir a esse mundo antes do previsto, segui com o meu plano até os 3 meses após voltar da licença maternidade. Então o meu lado mãe falara mais alto e tive também outros contratempos que me fizeram certa de que aquele era o momento de “dar um tempo” na vida profissional e assumir o papel de mãe em período integral.

Depois de um ano curtindo e me dedicando à minha família, o rótulo “mãe em período integral” começou a pesar. Já não achava aquilo tudo glamoroso, sentia muita falta de socializar com outras pessoas e achava que tinha jogado anos de estudo e dedicação no lixo.

“A crise estava acontecendo e eu, uma mulher de mais de 30 anos havia me jogado no meio daquele tornado com um bebê no colo e uma família em outra cidade.”

Foi então que decidi voltar ao mercado de trabalho. Aos poucos, sem ter pressa, enviava um currículo aqui, outro ali, me inteirava com a situação do mercado de trabalho e assim foi. A ansiedade chegou depois de 6 meses quando realmente percebi que não estava fácil. A crise estava acontecendo e eu, uma mulher de mais de 30 anos havia me jogado no meio daquele tornado com um bebê no colo e uma família em outra cidade.

Durante os dois anos seguintes, participei de entrevistas, tive de tirar qualificações do meu currículo e dei com a cara na porta várias vezes. A ansiedade havia virado frustração. Não achava justo desperdiçar todos aqueles anos de estudo e dedicação para ser SÓ mãe. Nesse meio tempo, eu tentava aceitar meu papel de mãe como uma oportunidade maravilhosa e trabalhava minha mente aguardando o meu momento de voltar ao mercado de trabalho.

Tempo depois, fui abençoada com a oportunidade de mudar com minha família para uma cidade linda e que nos acolheu de braços abertos. No meio desse processo todo, minhas prioridades, opiniões e modo de ver o mundo havia mudado muito. O que eu buscava para minha vida já não era a mesma coisa que buscara há 5 anos, e sem me cobrar, naturalmente, chegou a minha vez.

“O que eu buscava para minha vida já não era a mesma coisa que buscara há 5 anos, e sem me cobrar, naturalmente, chegou a minha vez.”

E assim, eu cheguei em um ambiente acolhedor, amistoso, receptivo, com pessoas lindas, com idéias e ideais inspiradores, aceptivas e igualitárias. Todo o tempo esperado, toda a ansiedade e frustração aprendidos no processo, todas as noites mal dormidas e fraldas trocadas haviam valido a pena. Hoje, tenho mais clareza de quem sou, o que quero e onde quero estar.

Se você está lendo esse texto, saiba que você pode ser os dois, um dos dois ou nenhum dos dois, basta aguardar seu momento.

Claudia Ecco é responsável pelos setores Administrativos e Financeiros da Brazilian Experience. Ela veio para a Be porque abraçou a ideia de que ao viver e experimentar as diferenças, podemos co-criar um mundo melhor. Ela é apaixonada por conhecer diferentes culturas e especialmente a gastronomia de cada uma. Adora provar diferentes pratos que trazem a história de cada cultura nele. O sonho da Claudia é mostrar o mundo para sua filha de 5 anos, Olívia, e espera que ela se apaixone por viajar assim como ela.